O fim de semana chegou e eu e um grupo de amigos decidimos pegar a estrada de moto. As super máquinas que possuíamos eram as mesmas que usávamos no dia-a-dia, para trabalho, ir à faculdade, etc. Éramos quatro, eu, o mais experiente em motos, já é a minha 5ª ou 6ª moto, o André, que tem a sua primeira moto e o Carlos, também marinheiro de primeira viagem, junto com o grupo foi o Geovani, irmão mais novo do André, que pilota em pequenos trajetos, nunca mais que vinte quilômetros.
Apenas eu já havia pegado a estrada sobre duas rodas, minha viagem mais longa teve 500 quilômetros, foi feita em uma CBX 250 Twister, minha moto anterior. Já tive duas Biz 100, uma Titan 125 ano 2001 (apelidada de Severina), a Twister ano 2002 chamada T.W.I. e agora tenho uma YBR 125 Factor, apelidada de crefo-crefo, por causa do barulho do pedal ao dar a partida. O André tem uma Fan 125 ano 2010, o Carlos uma Titan 125 ano 2003 e a minha Factor saía do perímetro urbano pela primeira vez.
A sexta-feira (26/08) amanheceu chuvosa, desanimando os planos, mas logo o sol foi se abrindo e o asfalto secando, por volta das quatorze horas começamos a montar as bagagens nas motos, o André levaria parte das bagagens, duas malas e uma barraca, a mesma carga seria levada pelo Carlos. A mim caberia levar o Geovani de garupa com uma mochila a nas costas.
Vale ressaltar que antes de carregar as motos foi tudo inspecionado, gasolina, kit de ferramentas, nível do óleo, freios, luzes, velocímetro, corrente, calibragem e grau de desgaste dos pneus. Como todos estavam com pneus com câmara o kit de borracheiro não foi dispensado. Terminada a inspeção e a carga pegamos a estrada, a viagem seria relativamente curta, cerca de 40 Km, mas para uma 125cc é uma demanda exaustiva.
O primeiro trecho, de cerca de 1 quilometro foi feito na nossa cidade, Capoeiruçu, a cerca de 40 Km de Feira de Santana. Depois de Capoeiruçu pegamos o primeiro trecho de rodovia. Uma estrada sem acostamento, montanha de um lado e o vale do outro, curvas fechadas e o desfiladeiro logo após o guard rail, na verdade uma cerca de arame farpado. A velocidade permitida era de 40 Km/h, mas a estrada e as motos permitiam trafegar seguramente a 50 ou 60 Km/h. As curvas fechadas instigavam a deitar a moto, mas a carga impedia.
Depois de passar pela estrada regional passamos sem muitos contratempos pela histórica cidade de Cachoeira, por fim era ora de pegar a BR/BA 420. Uma estrada recém reformada que começa com um trecho de quase 30 Km de mata atlântica muito bem preservada. As curvas fechadas na estrada sem acostamento, mas com ótimo asfalto, sem trincas e muito bem sinalizada não nos inibiam enquanto pilotos, por conta das curvas conseguimos trafegar a uma média de 45 Km/h.
De repente nos deparamos com uma estrada de terra, decidimos pegar a estrada. O barro, os buracos e os avisos de declives e aclives muito íngremes não foram obstáculo, caímos no barro. A estrada de terra estreita e deserta, com muita lama e buracos, além das valetas abertas pelas fortes chuvas de junho serviram de teste para as motos. Foi exigida muita força e jogo de tração por parte das motos e dos pilotos, além da lama e dos buracos e subidas havia a carga, que em todos os casos era superior a 30 kg.
Foi só diversão, reduções de marcha, barro pra cima e moto andando de lado, tudo isso aconteceu, nem meu capacete se livrou do barro, depois de quase uma hora pra percorrer um trecho de cerca de 30 Km retornamos ao asfalto liso, preto e bem sinalizado da BR 420. As motos, apesar do peso responderam bem às expectativas, conseguimos trafegar a uma média de 90 Km/h e chegamos ao nosso destino por volta das dezoito horas.
Quantos as motos, um caso a parte, não sei qual foi o comportamento exato das outras, mas vi o comportamento da Fan 125 do André e senti o comportamento da Factor. A Factor reagia bem às subidas e reduções de velociade, facilmente atingia os 100 Km/h em quarta marcha e fazia subidas, mesmo com peso na quarta marcha, entrava nas curvas com vontade e tinha uma retomada muito forte (alguns justificam essa força pelo posicionamento do disco de embreagem próximo ao pinhão, o que causa uma reação mais rápida do motor às tocas de marcha e jogos de tração. Os freios a tambor foram muito bem exigidos, e em cada parada, o pedal de partida era acionado com a moto em marcha e eu sentado sobre o acento dava a partida tranquilamente.
Já a Fan 125, com motor do tipo OHC, diferente do CHT da Factor, tinha um bom torque em alta rotação, as saídas em algum caso eram mais fortes que a da Yamaha, mas a Fan perdia em consumo de combustível e estabilidade nas curvas. Uma das maiores queixas do piloto era a vibração do motor, captada pelo estribo e repassada aos pés dele, mas isso foi corrigido com um reposicionamento dos pés. Pelo que pude ver, nas subidas a Fan pedia sempre terceira marcha para manter-se em alta rotação, enquanto a Factor pedia apenas a quarta. Essa terceira marcha garantia mais torque nas retomadas e saídas de curva. Ambas as motos reagiram bem ao que foi exigido, conciliando conforto, força e velocidade. Chegando ao destino nada de descansar as costas, havia disposição suficiente para montar as barracas e acender o fogo.
A Titan 125 do Carlos foi uma exceção a todo tipo de regra quando o assunto é moto-turismo, primeiro foi constatada uma má regulagem dos freios, depois, no primeiro trecho da estrada foi notada o não funcionamento do farol e da luz de freio. Todo o conjunto de iluminação da moto foi trocado, pneus devidamente calibrados, era hora de derreter o asfalto... nada feito. Por conta de um desgaste da embreagem junto ao óleo vencido não permitia ao Carlos passar dos 70 Km/h, do contrário a Titan mais parecia uma DT de tanta fumaça que saía pelo escapamento. Mas o motor OHV, com varetas se comportou bem em alta rotação.
A tração que oferecia era bem mais forte que o meu CHT oferecia, vale ressaltar que eu estava usando os pneus Mezelder ME22 90/90-18 na traseira e ME22 80/100-18 na dianteira, que lembram um pouco os pneus Slik, usados em competições de moto velocidade, enquanto o Carlos usava os pneus City Demon da Pirelli com as mesmas dimensões, e o André usava pneus também urbanos, mas fabricados pela Michelin, ambos com sulcos mais profundos e cravos maiores, enquanto os meus mais pareciam um super liso de competição.
Dadas as devidas proporções as motos e os pilotos responderam bem ao que foi exigido, boa parte das condições adversas foram enfrentadas, pouca visibilidade por pilotar ao crepúsculo, lama, areia, peso, vento lateral, trânsito, tudo isso foi enfrentado sem stress, sem cansaço, sem irritação. Isso porque não nos preocupamos em momento algum com o destino, nos preocupamos com a viagem, atenção, e diversão a todo o momento. No mais fica o recado para os que gostam, independentemente da bike, do destino, da distância, pegue a estrada com prudência, sem pressa, vá para se divertir, aproveite a estrada, veja as paisagens, se a namorada não estiver na garupa, curta as mulheres à beira da estrada em cada ponto de ônibus, curta cada curva, cada descida, cada subida, faça amigos nos postos de gasolina por onde parar. Lembre-se da equação: moto + rodovia = atenção + diversão.
Apenas eu já havia pegado a estrada sobre duas rodas, minha viagem mais longa teve 500 quilômetros, foi feita em uma CBX 250 Twister, minha moto anterior. Já tive duas Biz 100, uma Titan 125 ano 2001 (apelidada de Severina), a Twister ano 2002 chamada T.W.I. e agora tenho uma YBR 125 Factor, apelidada de crefo-crefo, por causa do barulho do pedal ao dar a partida. O André tem uma Fan 125 ano 2010, o Carlos uma Titan 125 ano 2003 e a minha Factor saía do perímetro urbano pela primeira vez.
A sexta-feira (26/08) amanheceu chuvosa, desanimando os planos, mas logo o sol foi se abrindo e o asfalto secando, por volta das quatorze horas começamos a montar as bagagens nas motos, o André levaria parte das bagagens, duas malas e uma barraca, a mesma carga seria levada pelo Carlos. A mim caberia levar o Geovani de garupa com uma mochila a nas costas.
Vale ressaltar que antes de carregar as motos foi tudo inspecionado, gasolina, kit de ferramentas, nível do óleo, freios, luzes, velocímetro, corrente, calibragem e grau de desgaste dos pneus. Como todos estavam com pneus com câmara o kit de borracheiro não foi dispensado. Terminada a inspeção e a carga pegamos a estrada, a viagem seria relativamente curta, cerca de 40 Km, mas para uma 125cc é uma demanda exaustiva.
O primeiro trecho, de cerca de 1 quilometro foi feito na nossa cidade, Capoeiruçu, a cerca de 40 Km de Feira de Santana. Depois de Capoeiruçu pegamos o primeiro trecho de rodovia. Uma estrada sem acostamento, montanha de um lado e o vale do outro, curvas fechadas e o desfiladeiro logo após o guard rail, na verdade uma cerca de arame farpado. A velocidade permitida era de 40 Km/h, mas a estrada e as motos permitiam trafegar seguramente a 50 ou 60 Km/h. As curvas fechadas instigavam a deitar a moto, mas a carga impedia.
Depois de passar pela estrada regional passamos sem muitos contratempos pela histórica cidade de Cachoeira, por fim era ora de pegar a BR/BA 420. Uma estrada recém reformada que começa com um trecho de quase 30 Km de mata atlântica muito bem preservada. As curvas fechadas na estrada sem acostamento, mas com ótimo asfalto, sem trincas e muito bem sinalizada não nos inibiam enquanto pilotos, por conta das curvas conseguimos trafegar a uma média de 45 Km/h.
De repente nos deparamos com uma estrada de terra, decidimos pegar a estrada. O barro, os buracos e os avisos de declives e aclives muito íngremes não foram obstáculo, caímos no barro. A estrada de terra estreita e deserta, com muita lama e buracos, além das valetas abertas pelas fortes chuvas de junho serviram de teste para as motos. Foi exigida muita força e jogo de tração por parte das motos e dos pilotos, além da lama e dos buracos e subidas havia a carga, que em todos os casos era superior a 30 kg.
Foi só diversão, reduções de marcha, barro pra cima e moto andando de lado, tudo isso aconteceu, nem meu capacete se livrou do barro, depois de quase uma hora pra percorrer um trecho de cerca de 30 Km retornamos ao asfalto liso, preto e bem sinalizado da BR 420. As motos, apesar do peso responderam bem às expectativas, conseguimos trafegar a uma média de 90 Km/h e chegamos ao nosso destino por volta das dezoito horas.
Quantos as motos, um caso a parte, não sei qual foi o comportamento exato das outras, mas vi o comportamento da Fan 125 do André e senti o comportamento da Factor. A Factor reagia bem às subidas e reduções de velociade, facilmente atingia os 100 Km/h em quarta marcha e fazia subidas, mesmo com peso na quarta marcha, entrava nas curvas com vontade e tinha uma retomada muito forte (alguns justificam essa força pelo posicionamento do disco de embreagem próximo ao pinhão, o que causa uma reação mais rápida do motor às tocas de marcha e jogos de tração. Os freios a tambor foram muito bem exigidos, e em cada parada, o pedal de partida era acionado com a moto em marcha e eu sentado sobre o acento dava a partida tranquilamente.
Já a Fan 125, com motor do tipo OHC, diferente do CHT da Factor, tinha um bom torque em alta rotação, as saídas em algum caso eram mais fortes que a da Yamaha, mas a Fan perdia em consumo de combustível e estabilidade nas curvas. Uma das maiores queixas do piloto era a vibração do motor, captada pelo estribo e repassada aos pés dele, mas isso foi corrigido com um reposicionamento dos pés. Pelo que pude ver, nas subidas a Fan pedia sempre terceira marcha para manter-se em alta rotação, enquanto a Factor pedia apenas a quarta. Essa terceira marcha garantia mais torque nas retomadas e saídas de curva. Ambas as motos reagiram bem ao que foi exigido, conciliando conforto, força e velocidade. Chegando ao destino nada de descansar as costas, havia disposição suficiente para montar as barracas e acender o fogo.
A Titan 125 do Carlos foi uma exceção a todo tipo de regra quando o assunto é moto-turismo, primeiro foi constatada uma má regulagem dos freios, depois, no primeiro trecho da estrada foi notada o não funcionamento do farol e da luz de freio. Todo o conjunto de iluminação da moto foi trocado, pneus devidamente calibrados, era hora de derreter o asfalto... nada feito. Por conta de um desgaste da embreagem junto ao óleo vencido não permitia ao Carlos passar dos 70 Km/h, do contrário a Titan mais parecia uma DT de tanta fumaça que saía pelo escapamento. Mas o motor OHV, com varetas se comportou bem em alta rotação.
A tração que oferecia era bem mais forte que o meu CHT oferecia, vale ressaltar que eu estava usando os pneus Mezelder ME22 90/90-18 na traseira e ME22 80/100-18 na dianteira, que lembram um pouco os pneus Slik, usados em competições de moto velocidade, enquanto o Carlos usava os pneus City Demon da Pirelli com as mesmas dimensões, e o André usava pneus também urbanos, mas fabricados pela Michelin, ambos com sulcos mais profundos e cravos maiores, enquanto os meus mais pareciam um super liso de competição.
Dadas as devidas proporções as motos e os pilotos responderam bem ao que foi exigido, boa parte das condições adversas foram enfrentadas, pouca visibilidade por pilotar ao crepúsculo, lama, areia, peso, vento lateral, trânsito, tudo isso foi enfrentado sem stress, sem cansaço, sem irritação. Isso porque não nos preocupamos em momento algum com o destino, nos preocupamos com a viagem, atenção, e diversão a todo o momento. No mais fica o recado para os que gostam, independentemente da bike, do destino, da distância, pegue a estrada com prudência, sem pressa, vá para se divertir, aproveite a estrada, veja as paisagens, se a namorada não estiver na garupa, curta as mulheres à beira da estrada em cada ponto de ônibus, curta cada curva, cada descida, cada subida, faça amigos nos postos de gasolina por onde parar. Lembre-se da equação: moto + rodovia = atenção + diversão.
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